Muitos de vocês já conhecem a história da galinha Joaquina.
A Joaquina vive na quinta da minha Mãe, juntamente com mais 6 galinhas, 4 coelhos, 5 gatos e 6 cadelas, todos resgatados de situações de risco.
Todos os animais da quinta se dão bem: gatos, galinhas e cães, todos andam em liberdade e convivem pacificamente.
Mas um dia recebemos na quinta um visitante inesperado: uma águia. A águia atacou a Joaquina, que ficou completamente paralisada, sem controle dos movimentos das patas.
Todos foram de opinião que era necessário sacrificar a galinha: seria impossível ela algum dia voltar a andar.
Mas a minha Mãe pegou na desorientada Joaquina ao colo, olharam ambas fixamente uma para a outra, e o veredicto da minha Mãe foi este: "Não, esta galinha ainda tem vida, há que lutar por ela."
A Joaquina foi viver para dentro de casa e começou o seu período de recuperação. Foram 4 meses de tratamentos diários.
Houve períodos difíceis, em que os tratamentos veterinários se revelaram praticamente ineficazes e os progressos eram lentos e pouco seguros. Mas a minha Mãe não duvidou um só dia de que a Joaquina iria um dia voltar a andar. Não sei se foram as massagens e fisioterapia, os medicamentos naturais ou a cadeirinha improvisada que o meu padrasto construiu, ou se foi a obstinação da minha Mãe e a força de vontade da Joaquina que operaram este pequeno milagre: o que é certo é que após 4 meses de quase imobilidade a Joaquina começou a dar os primeiros passos.
Criou-se entre a Joaquina e a minha Mãe uma cumplicidade curiosa. É engraçado ver a minha Mãe passar atarefada nos trabalhos da quinta com uma galinha a segui-la com uns passitos trémulos e esvoaçantes.
A Joaquina gosta de festas, de estar perto de nós e de esperar que acabemos de lanchar para comer as migalhas do pão. Conhece perfeitamente o nome dela e aprendeu a esconder-se debaixo dos arbustos quando ouve o piar das águias.
Quando vejo a Joaquina esgravatar o chão com as suas ainda frágeis e recém funcionantes patas e sacudir as asas ao sol lembro-me sempre das galinhas de bateria, que vivem as suas curtas e miseráveis vidas fechadas em cubículos do tamanho de uma folha A4, sem se poderem mexer e nem sequer abrir as asas, com os bicos mutilados e sem verem a luz do dia, com o único propósito de fornecer ovos e carne para alimentação humana.
Penso nos milhões de animais que são torturados e mortos todos os anos para o mesmo fim. Penso que os animais que conseguimos salvar na quinta serão sempre poucos, que nunca conseguiremos sequer arranhar a superfície do problema e que a mudança fundamental na mentalidade das pessoas tarda demais a chegar...
Mas depois recebo uma notícia como a que vos encaminho abaixo, e que, apesar de ser apenas um passo minúsculo, é um passo na direcção certa. E sinto um novo ânimo...
Abraço a todos,
Maria
Empresas lusas recebem prémio "Bons Ovos"
Enquanto 98% das galinhas em Portugal continuam em gaiolas de bateria.
Partilhe esta notícia Empresas portuguesas recebem prémio "Bons Ovos", enquanto 98% das galinhas em Portugal continuam em gaiolas de bateria.
Esta terça-feira, as empresas portuguesas Biocoop, Biomiosótis e Naturocoop e as multinacionais a operar em Portugal, Unilever (maioneses e molhos Calvé) e McDonald's, recebem em Lisboa o prémio "Bons Ovos" numa cerimónia a realizar no auditório do Espaço Monsanto (Parque Florestal de Monsanto), com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.
Estes prémios são oferecidos pela Compassion in World Farming, associação internacional líder na protecção dos animais de criação, com o objectivo de "felicitar e publicitar as empresas que não se aprovisionam de ovos de bateria ou que deixarão de o fazer até 2012".
Através dos prémios atribuídos este ano a cerca de 50 empresas europeias, cerca de 10 milhões de galinhas poedeiras serão libertas das gaiolas, elevando-se para mais de 15 milhões o número de galinhas soltas desde a criação dos Prémios Bons Ovos.
Na cerimónia, será aberta uma gaiola por crianças da Junta de Freguesia de Santa Engracia contendo 15 balões em forma de galinha (simbolizando os 15 milhões de galinhas libertadas até agora).
A tendência crescente da procura de ovos produzidos de forma ética poderá deixar para trás os mais de 3⁄4 de produtores europeus que continuam a usar gaiolas de bateria.
Se em países como a Áustria, onde a maior parte das galinhas são criadas ao ar livre, 30% continuam ainda em gaiolas, em Portugal e Espanha a percentagem eleva-se a 98%.
Embora os consumidores portugueses manifestem cada vez mais o desejo de adquirir ovos de galinhas não criadas em gaiolas, Portugal ocupa o último lugar (em conjunto com a Espanha) no quadro da liga de produção de ovos "ar livre".
No entanto, o anúncio de hoje mostra que a indústria alimentar está a abandonar as gaiolas de bateria e quer mais ovos produzidos ao ar livre.
"Os vencedores dos prémios "Bons Ovos" estão a abandonar os ovos de galinhas criadas em gaiolas em todo o tipo de produtos . Desde os bolos e molhos, até à maionese, os consumidores que procuram ovos produzidos de forma ética, poderão finalmente encontrá-los nos produtos destas empresas", afirma Bárbara Dias Pais, Coordenadora de Campanhas para o Sul da Europa da Compassion in World Farming.
Em toda a Europa, são criadas mais de 300 milhões de galinhas para a produção de ovos.
Mais de 3⁄4 destes animais vivem confinados em minúsculas gaiolas que não lhes permitem expressar os comportamentos naturais da espécie, (tais como estender as asas, picar o solo, empoleirar-se e fazer o ninho) e nas quais o espaço que cada uma dispõe é inferior a uma folha de papel A4.
TVNET
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