terça-feira, 23 de novembro de 2010

recordações da infância

Há dias fui a Grândola e na montra de uma loja de tintas vi uma caixa de madeira, a foto está na mensagem anterior, que me recordou algo de muito querido da minha infância e que vou contar.
Eu fui a filha mais nova de 3 irmãos e como tal senti sempre que não tinha o mesmo afecto dos meus pais do que os meus irmãos, mas aquela caixa de costura mostrou-me o quanto eu estava errada e como podemos inventar coisas que nos parecem mesmo reais.
Um dia o meu pai apareceu em casa com uma caixa muito parecida com a da fotografia mas um pouco maior e mais robusta. Lá dentro havia tubos de graxa escovas e panos para engraxar sapatos.O meu pai explicou-me como devia fazer e eu passei a cobrar não sei se 1 ou 2 tostões por engraxar os sapatos das pessoas da casa e com a minha vozinha de criança gritava pela casa fora " Engraxadora!! Quem quer engraxar sapatos? Mas o negócio não rendia e eu desisti.
Meu querido pai vendo-me triste um dia apareceu com um tabuleiro identico aos que as meninas nos cabarets pendutavam ao pescoço com cigarros à venda. Nesse tabuleiro o meu pai colocou, linhas, dedais, agulhas e outras coisas que servissem para a costura e eu lá andava com o tabuleiro pendurado, desta vez gritando " Quem quer comprar linhas, agulhas e mais coisas para a costura?" A pricípio ainda fiz algum negócio, mas fui-me apercebendo que a minha mãe quando precisava de alguma coisa tirava da minha lojinha sem me dizer nada e foi um grande desgosto para mim ter de fechar também o meu negócio. Recordo com muita ternura o meu querido pai tão injustamente julgado por mim