domingo, 18 de março de 2007

A Galinha Marilia

Eu vivia nessa altura em Lisboa numa casa com quintal e certo dia comprei trez pintos e soltei-os no dito quintal.

De manhã fui às compras e quando cheguei a casa vejo 2 pintos afogados e o terceiro por um triz não lhe acontecia o mesmo.

Aqueci-o, embrulhei-o num pano de lã e consegui salvá-lo.

O pintainho cresceu sempre tratado como se fosse um animal de companhia e de facto era-o, e fez-se uma bela galinha com as penas todas brancas.

Chamei-lhe Marília, nome ao qual ela respondia seguindo-me por todo o lado.

Quando eu estava no jardim a Marília saltava para o meu ombro e aí se deixava ficar até que eu a pusesse no chão. Ao anoitecer eu entrava em casa e a Marília também.

Na sala havia um piano preto e o local onde a Marília gostava de estar era entre os pés do piano olhando-se de lado. Com o seu olho vermelho fixo na sua silhueta lá ficava até se cansar. Para dormir tinha o parapeito da janela da marquise. E assim iam correndo os dias calmamente para a Marília.

Mas um dia apareceu um amigo meu que não parava de me massacrar.”Porque a galinha suja-te tudo. Se já se viu uma galinha dentro de casa!” Venceu o que “deve ser” “o que está bem” e a Marilia foi para a capoeira juntar-se aos outros galináceos. A principio picavam-lhe e ela escondia-se, os outros não lhe perdoavam por ela ser diferente.Pobre Marília. Sinto o coração apertado quando penso no destino da Marília. Até que um dia, como não comia e não como carne, decidi vender todas as galinhas e a Marília foi também.

Ainda hoje penso que não devemos desistir daquilo em que acreditamos e eu acreditava na minha relação com a Marília.

Júlia Garcia

2 comentários:

sonya disse...

Se fosse agora até aposto que era o tal amigo que iria ocupar o lugar da Marília na capoeira...Beijinho com amizade da Patrícia

Júlia disse...

Assim seria,como dizes.
Com a amizade da Júlia